Jaco:
- Uma coisa que eu aprendi é não esperar das pessoas uma coisa diferente do que elas podem dar. Todo mundo tem algo pra dar, alguns mais, alguns menos. E você tem que captar o que é que cada um tem pra oferecer. E pegar, e receber. É que nem quando faço escultura com madeira: você não pode querer tirar dela algo que ela não tem, algo que não tá dentro daquelas possibilidades.
- E se você cismar que quer porque quer um formato tal?
- Não se faz o que se quer com a madeira. Se você resolver que quer fazer uma escultura toda vazada, pode ser que a madeira não resista, que ela rache ou quebre.
- E como faz pra saber se vai dar para fazer o que tá na sua cabeça?
- É que nem com as pessoas: uma questão de intimidade. De conhecer o outro, o jeito de ser do outro, as manias do outro. E isso só com o tempo. Tem que conviver, testar, ver os limites, as possibilidades. Experimentar, arriscar. Tem que estar atento às tramas e nós da madeira. Você vai sentindo, conhecendo, ganhando intimidade e o resultado nunca é exatamente como você imaginou. Não é nem mais você, nem a madeira. É uma outra coisa.
- E o que é essa outra coisa?
- Essa outra coisa é o novo.