sábado, 19 de maio de 2012

Lovers


Sentam-se lado a lado à mesa coberta com uma toalha branca e repleta de pratos, garfos e pessoas. Um braço encosta suavemente no outro. Os pêlos se eriçam, um calor se transmite e ambos entendem. Comentam entre si projetos e apostas. Falam baixo, cúmplices. Os lábios dele muito próximos dos de Lúcia. As pessoas em volta começam a ir embora. Eles permanecem. E falam de devires e linhas. Ele coloca a alça da blusa de Lúcia no lugar e toca seu ombro. O ar úmido da noite se condensa em suas mãos. Olham-se sérios como se nunca tivessem se visto. Ele a beija e Lúcia aceita como se consente com o destino.

Deslizam sobre o sofá azul de veludo. Corpos sem intimidade, desajeitados e famintos. Ela abre o zíper da calça jeans e entrevê o formato do sexo rígido. Sente vontade de beijá-lo e uma certa timidez a toma. Beija seu ventre e então o desejo é maior. Ele a leva ao zênite em segundos. Ela solta uma gargalhada. “Por que você está rindo”? “Porque eu não esperava por isso”, diz ela. As línguas voltam a percorrer os corpos um do outro, vorazes. O celular então apita, Lúcia pára, senta-se no sofá e lê a mensagem: ‘eu te amo’.

Ele se aproxima, toca em seus seios com as duas mãos como se quisesse protegê-la de algum olhar indiscreto. Com um sorriso, pergunta: “você também ama ele?” “Muito”, diz ela. “Então fica com ele”. Lúcia concorda “Sim, vou ficar. Mas hoje eu quero-quero você”. Janeiro/2010. (foto: Nan Goldin. Lovers)