quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Deixar-se entalhar pela madeira

- E quando descobrimos que as possibilidades daquela madeira são muito limitadas? E quando a madeira tem, de fato, muito pouco para dar? E quando suas lindas tramas seduzem, mas não mais encantam? O que acontece quando aquele mundo outrora repleto de promessas simplesmente não oferece mais nada do que o artista deseja?

- Quando o artista não se emociona mais com aquela madeira, é hora de deixá-la pra trás. Hora de parar, ficar quieto, observar ao redor. Às vezes ele está caminhando e topa de repente com uma bela madeira nova. Às vezes, ele tem que partir em longas expedições até encontrá-la. Mas ele só tem como saber que é aquela madeira que procurava depois de arriscar conhecê-la. Como eu disse, é tudo uma questão de tempo e intimidade. Só ganhando intimidade com a madeira que ela vai mostrar todas as possibilidades que contém dentro de si, as tramas escondidas. Ele pode encontrar coisas maravilhosas e é claro que vai topar com entraves e limites. Mas se tiver medo e evitar ser íntimo, simplesmente nunca vai saber se encontrou o que procurava. Arrisca jogar fora a madeira certa ou perder muito tempo com a errada. Então é certo que a madeira é a matéria-prima do artista. Mas o artista de verdade também é matéria-prima da madeira. Deste encontro, ele retira forças e coragem para se deixar entalhar por ela.

Um comentário:

Renata disse...
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