sábado, 18 de abril de 2009
"Os dois evitaram se olhar, emocionados com eles próprios, como se enfim fizessem parte daquela coisa maior que às vezes chega a conseguir se exprimir na tragédia. Como se houvesse atos que realizam tudo o que não se pode, e o ato transpõe o poder; e quando este se cumpre, realiza-se alguma coisa que o pensamento não faria, nós que somos de uma perfeição atroz - e a dor é não estarmos à altura de nossa perfeição; e quanto à nossa beleza, nós mal a suportamos. (...)Como se tivessem acabado de realizar de novo o milagre do perdão, constrangidos com aquela cena miserável, evitaram se olhar, aborrecidos, há muita coisa inestética a perdoar. Mas, mesmo coberta de ridículos e trapos, a mímica da ressureição se tinha feito. Essas coisas que parecem não acontecer, mas acontecem." (p.327)
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