Um dia eu nasci. E cresci. E comecei a ver televisão.
E um dia eu vi um desenho animado de terror que tinha uma múmia, um drácula, uma mula-sem-cabeça, uma bruxa e uma vampira. Quando o desenho acabou, eu adorei a vampira e falei para mamãe:
- Mamãe, quero ser vampira!
E minha mãe respondeu:
- Ah, minha filha, não existe nem nunca existiu vampira!
Depois eu fui ver televisão (outra vez) e vi no Jornal Nacional que encontraram um país desconhecido. O nome do país era Trans-Silvânia. E nesse país tinha múmias, dráculas, mulas-sem-cabeça, bruxas e vampiras. E falaram que quem fosse lá, iria virar vampira (só vampira). Eu pensei em ir para esse país desconhecido, mas minha mãe não iria deixar. Mas aí eu tive uma idéia:
- Já sei! Esta noite, vou fugir de casa.
De noite, eu saí de casa e encontrei meu irmão, que tinha passagens para Trans-Silvânia. No aeroporto, entrei no avião e fui para Trans-Silvânia. Quando cheguei lá, virei vampira. (Meu sonho foi realizado!)
Eu era assim: dente afiado, sem língua, cabelos compridos e um vestido vermelho até os pés. Chegando lá, me mostraram onde era o castelo assombrado. Quando entrei no castelo, notei que o chão era feito de teias de aranha. Mas eu nem liguei, já que eu era vampira e estava acostumada.
Lá nesse castelo a gente só envenenava as coisas e bebia sangue com fogo. Um dia eu fui passear num bosque onde só tinha assombração. Eu me senti feliz naquele lugar. Porque lá não tinha mãe pra mandar na gente.
Rio de Janeiro, 13 de maio de 1986. Caderno de Criação de Texto. 1ª série.
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