Acordou e olhou para o teto. Branco. Olhou para o lado da cama. Vazio. Demorou alguns segundos para entender quem era e o que fazia naquele lugar. Sim, sou a Lúcia. Esta é a minha cama, hoje é domingo, está fazendo sol e estou sozinha. Viu-se assim muitos domingos, passados e futuros. Não ficou triste. Nem tampouco feliz. A sensação era idêntica à que tinha quando menina na escola - era como entender uma equação matemática que terminava em número racional. Ah, sim, entendi, é assim. Sensação reconfortante saber o porquê das coisas serem como são. Já os números irracionais e indeterminados eram aquele mistério. A professora de matemática fingia que entendia e terminava o assunto alegando que só "mais tarde, na faculdade, vocês vão aprender". Lúcia nunca entendeu, mas sempre amou aqueles números loucos que terminavam em reticências ou em "tende ao infinito".
Olhando para o teto, lembrou da Bela Adormecida, seu conto de fadas preferido. Ela o tinha num livro ilustrado com fotos de bonecos vestidos como as personagens, o que criava uma atmosfera aterrorizante para a corte do palácio onde todos dormiram por cem anos. Até que um dia, um príncipe encantado chegou ao reino com seu cavalo branco e despertou a princesa do sono profundo com seus beijos mágicos.
Lúcia levantou-se e foi fazer café.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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